João Pinheiro fica em segundo lugar no ranking nacional de trabalho análogo à escravidão

Em Minas Gerais, o município lidera com folga do segundo colocado

Dados do Ministério do Trabalho divulgados recentemente mostram que a cidade de João Pinheiro ficou em segundo lugar no ranking nacional de casos de trabalho análogo à escravidão em 2022, perdendo apenas para Brasília. Com 111 casos, o maior município mineiro em extensão territorial lidera o pódio estadual com folga. Confira.

Os dados do MTP confirmaram que Minas Gerais foi o estado com maior número de ações de resgate de pessoas em situação de trabalho análogo à escravidão no ano de 2022, sendo 117, totalizando 1.070 pessoas libertadas.

Destas ações, a maioria aconteceu na região noroeste, na qual João Pinheiro está inserida. A comparação mostra que o maior município mineiro em extensão territorial ocupa a segunda posição no ranking nacional de autos de infração lavrados, com 111 registros, perdendo apenas para Brasília. Em Minas, o segundo colocado foi Januária, com 83 casos.

Entre os 15 municípios mineiros com mais registros, estão outras cinco cidades do Triângulo Mineiro, Alto Paranaíba e Noroeste: Varjão de Minas (36), Nova Ponte (24), Veríssimo (24), Iraí de Minas (24) e Guarda-Mor (24).

João Pinheiro fica em segundo lugar no ranking nacional de trabalho análogo à escravidão
Foto: Reprodução SIT

Já Varjão de Minas foi o município onde o maior número de trabalhadores foram resgatados de condições degradantes, com 273 pessoas. O município ganhou destaque pela quantidade de trabalhadores resgatados. Em janeiro do ano passado, 273 pessoas foram resgatadas em fazendas de produção de cana-de-açúcar, em Varjão de Minas, para o abastecimento de uma usina na região de João Pinheiro.

Somadas, as verbas rescisórias ultrapassaram R$ 5 milhões. Cada trabalhador recebeu indenização por danos morais individuais. O MPT pediu, ainda, R$ 400 mil por dano moral coletivo. Os empregadores também firmaram Termo de Ajustamento de Conduta, assumindo a responsabilidade de adequar as condições de trabalho nas fazendas.

Por que isso ocorre?

Em entrevista concedida ao g1, o procurador do Trabalho Roberto Gomes de Souza explicou que os índices se explicam pela atividade explorada em João Pinheiro e Varjão de Minas. “Principalmente a produção rural e o tamanho territorial da região podem explicar essa questão, pois é uma área muito grande, com muita produção, inclusive, sazonal. O Noroeste tem muita produção, mas bastante fluxo de escoamento de produção”, disse o Souza.

Ainda de acordo com o procurador na entrevista, o difícil acesso às propriedades rurais também dificulta o trabalho de fiscalização, principalmente porque algumas denúncias são imprecisas. “Em alguns casos, acaba que gastamos mais tempo e recursos. Temos até situações em que precisamos levar alimentos não perecíveis para comer e até dormir na propriedade, devido à distância e ao tempo de procura. Em determinadas fazendas, o número de trabalhadores é grande e os grupos acabam ficando distantes até mesmo um do outro”, afirmou.

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Tem usinas no estado de Goiás que tem q investigar. Eu trabalhei fiz oque posive para ter uma oportunidade de permanecer na empresa e no final do plantio fui até humilhado. Nem o abono salarial de 2021 tenho direito
Grupo samatins

Todo mundo tem celular, até agora não vi nenhum vídeo ou áudio para provar tudo isto…

Existe muitas exigências sem necessidade,que nem mesmo o trabalhador vê que precisa,só quem trabalha nessas áreas sabe que muitas das vezes a exigência não trás vantagem nenhuma pra ele

Pae sua mãe pra trabalhar lá

Escravidão…?

Sim, escravidão